domingo, 8 de abril de 2012

Israel - Ashdod / Jerusalém / Belém

Chegou um dos momentos mais esperados: conhecer Israel.

Não vou negar que a imagem que eu tinha deste país era de guerra, terror e homens-bomba para todos os lados. Entretanto,  ao vê-lo de perto percebi uma situação um pouco mais plácida. 



Um dos maiores problemas do país e de sua população, é a escassez de água. Israel controla militarmente a quase totalidade das águas da região. Quando diminuem as águas, os palestinos e jordanianos são os primeiros a passarem sede, pois Israel fecha a “torneira” para eles. A água não está sendo distribuída equitativamente para todos. Israel permite acesso à água somente para o abastecimento urbano nas cidades palestinas. Mais da metade da agricultura de Israel é irrigada, mas os palestinos são proibidos de irrigar suas lavouras, algo semelhante à transposição do Velho Chico para beneficiar hidronegócio de grandes empresas, enquanto o povo do semi-árido continua sem água.
 
Os idiomas oficiais do país são o hebraico e o árabe, mas nas ruas do país muitos outros idiomas podem ser ouvidos. Por incrível que pareça, pude me comunicar em muitos países da Europa, áfrica e Oriente Médio, não só com o inglês, mas com o português. Isso mesmo! Passei por várias localidades pobres, e vi meninos de 10 ou 12 anos, dominando o árabe, italiano, espanhol, francês, inglês, e uma bela arranhada no português... Fiquei impressionada porque no Brasil, muitas pessoas mal sabem o Português. É a hora de vermos que não temos lá muito incentivo na educação.
 
Mas voltando à Israel....
Toda cidade tem a mesma cor ( é ordem / imposição do governo). Uma espécie de bege amarelado das pedras de Jerusalém. Todos os prédios e casas, independente da localidade e finalidade, possuem a mesma aparência. E os israelenses acham lindo tudo da mesma cor, e sinceramente, não achei bonito não, mas é a minha opinião.
 
 
 
Chegamos em Ashdod (5ª maior cidade de Israel). Levamos mais ou menos uma hora ou uma hora e meia de ônibus para chegar em jerusalém. A guia era búlgara, falava  espanhol, mas com um sotaque muito carregado, ou seja, eu não consegui entender quase nada do que ela falava.  O primeiro destino do passeio foi Belém. Quando estávamos quase chegando a guia anunciou: 
  - Minha gente, vou descer aqui em Jerusalém, e ao chegar em Belém, vocês terão outro guia, na volta nos encontraremos. Tenho muitos amigos em Belém, tenho certeza que consigo chegar lá com vocês, mas já não tenho tanta certeza se volto. 
Todos ficaram estáticos e apreensivos com a declaração dela. Logo entendi o por quê deste episódio. 
Belém é território palestino, a guia na certa, era judia.... ou seja....guerra!! 
Os palestinos não admitem a existência do Estado de Israel, mas quer eles queiram ou não Israel existe. Eles odeiam os judeus e não escondem isso de ninguém. Creio que os palestinos não querem criar seu Estado, querem acabar com o Estado judeu.  
O que acontece agora em Israel-Palestina não é bem uma guerra, pois esta implica a existência de dois exércitos se confrontando. O que há agora lá é um poderosíssimo exército de Israel armado com armas de última geração, massacrando o povo palestino. De um lado milhares de palestinos mortos (dentre eles muitas crianças e mulheres), de outro apenas 15 baixas entre os soldados judeus! Isto mostra a crueldade do Governo de Israel, financiado tanto pelos EUA quanto pelos imperialistas do mundo inteiro. 
É Claro que não podemos condenar todo e qualquer judeu como responsável pela matança de palestinos, algo que ocorre há dezenas de anos. O Governo e a classe dominante de Israel são os maiores responsáveis.  
A guia búlgara deixou-nos mais um aviso: 
- Não desgrudem jamais de seus passaportes. Sem eles, temam o perigo...
Ficamos mais tensos ainda.  
Pois bem, ela desceu do ônibus, e ao chegar em Belém entrou no ônibus um guia lindo... 
Entramos na igreja da natividade. Ela representa o local onde Jesus nasceu.



A  Igreja da Natividade, em Belém, um dos lugares mais sagrados para os cristãos, não está na lista dos Patrimônios Mundiais da Unesco. Ela fica na Cisjordânia ocupada pelos israelenses. Sem um país próprio, os palestinos não são membros plenos da Organização das Nações Unidas (ONU) e, assim, não têm como obter o reconhecimento da ONU.  

Saindo da igreja,  o guia nos deixou em um comércio, uma loja chique e cara. Compramos bugigangas, e paramos na porta de saída da loja. Fomos abordados por um palestino, nos querendo vender uns colares horrorosos por 20 euros. O intuito do vendedor era pegar o dinheiro desta venda e ajudar os pequenos palestinos. A principio não quisemos. Eu disse que não usava este tipo de colar, mas o vendedor estava acompanhado de uma pessoa armada (há muitas pessoas armadas no local), e começou a nos olhar estranhamente. Mostrou-se inconformado por não comprarmos. Ficou nervoso e mudou o tom de voz. Resultado: resolvemos  no mesmo instante comprar os colares, afinal,  “só” 20 euros (falo de forma irônica). 
Após esta transação de dinheiro, vimos algo inacreditável: O cara saiu do local em uma TUCSON. Ah,  sacanagem...é enganando turistas com mentiras caridosas, e amedontrando-os, com caras feias e com armas, que conseguem viver no bem-e-bom e ter uma TUCSON... 
Subimos no ônibus, e fomos a Jerusalém, o guia bonito foi embora e a guia búlgara voltou. E mais uma vez nos alertou:  
- Muito cuidado para não se perderem, senão não haverá mais volta. Se isso acontecer e por acaso encontrarem um táxi pagarão no mínino 150 euros para chegar ao navio, e detalhe, este valor é por pessoa. 
Eu hein! 
O pior é que em jerusalém é tanta gente, mas tanta gente, que parece um formigueiro. Fizemos uma bela caminhada, mas para não perdê-la de vista no meio da multidão, a guia andava com uma plaquinha levantada com o número do ônibus ao qual pertencíamos. 

 No ônibus havia vários jovens....êeee!!! Primeira vez que pagamos passeio sem velhindos. eu os adoro, mas sempre acabam fazendo com que os passeios tenham restrições. Dentre os jovens havia um dos pouquíssimos brasileiros que conheci no navio. O nome dele não vem ao caso. Ele  era fotógrafo, e sua função no passeio foi fotografar os turistas que estavam no nosso ônibus e os locais aos quais passamos. 
Sentei ao lado dele no ônibus algumas vezes, para conversar, já que eu sentia que estava perdendo a fluência no português...Tá bom...Exagerei.... 
Ele almoçou na mesma mesa que a minha família em Jerusalém (realizado em um hotel) , e parecia ser um rapaz vivido, e portanto, responsável.  
Fomos há vários lugares em Jerusalém e dentre eles no santo sepulcro. Todos paravam para tirar foto, mas como eu já havia dito a quantidade de pessoas é enorme.... Sei que meu novo colega brasileiro parava várias vezes para tirar foto, e demorava muito, e eu não queria desgrudar da minha família. Numa dessas, segui a minha família, que consequentemente andava junto à guia. Deixei o fotográfo de lado, para que ele pudesse trabalhar, e para que eu não perdesse minha família de vista. O nosso grupo  seguiu o percurso feito pela búlgara, que ficou esperando a todos do lado de fora – 30 minutos até juntar todos. Após este tempo faltava um integrante, o fotógrafo brasileiro.  
Esparamos mais 30 minutos, totalizando uma hora  e a guia disse:  
- Gente, o nosso fotógrafo está perdido, isso nunca aconteceu comigo antes, mas temos que prosseguir a viagem, afinal, avisei a todos para estarem de olho na placa. Temos
horário a cumprir.
 
Entretanto, um mexicano interveio pegou a nossa plaquinha e voltou ao santo sepulcro para tentar encontrar o fotógrafo. Esparamos mais uns 15 minutos, e nada...

Resolvemos ir, pois nesta demora, já havia anoitecido, e precisávamos percorrer um caminho, um pouco longe, para chegarmos ao muro das lamentacoes. Mas fui extremamente preocupada, porque me coloquei no lugar do colega brasileiro, e me senti desesperada. Fomos  seguindo em ruas estreitas com muito comércio. Me senti na novela O Clone, bno meio do Marrocos. Claro, é tudo muito parecido.



Passamos em um identificador de metais para vermos o muro. Finalmente chegamos. Já er a noite, quase não consegui enxergar o muro e muito menos os seus detalhes, pois estava escuro e havia uma multidão que impedia a minha aproximação. Muita gente mesmo, parecia que estava havendo o show da Madonna no Brasil. Tiramos algumas fotos.


Prestes a irmos ao ônibus a guia recebeu uma ligação: Um motorista de outro ônibus do navio, recebeu o fotografo lá e o levaria de volta. Caramba! Se fosse comigo, jamais teria me passado pela cabeça pegar outro ônibus, pois eu ia ficar em busca do meu. Respirei aliviada, aí sim, tentei admirar o muro...hehehe...mas estava realmente impossível.  
Retornando ao hotel flutuante, liguei para o quarto  dele. Disse que ficou assustadíssimo, tentou encontrar-nos, fez vários caminhos e nada. Até que viu uma única pessoa segurando uma placa, claro com outro número de ônibus, e resolveu entrar. 
Fui dormir me preparando para a manhã do dia seguinte. Desceríamos em Port Said, no Egito.

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